Por Kátia Bello, arquiteta e CEO da OpusDesign
No artigo anterior falamos sobre inteligências e como elas são úteis para a arquitetura de lojas, principalmente em supermercados. Dentre essas inteligências está a inteligência artificial, um dos temas mais comentados do momento e cada vez mais presente na realidade do varejo físico e digital.
Toda vez que o assunto é inteligência artificial no varejo, seja em supermercados ou lojas de outros segmentos, surgem conjecturas sobre como será o futuro do consumo e da operação. Mas falando de lojas físicas: você já parou para pensar qual é o futuro do seu supermercado?
Por mais que se fale sobre tendências e inovações, a verdade é que ninguém consegue prever exatamente como será esse futuro. Estamos vivendo uma era de quebra de paradigmas, transformação acelerada e comportamento exponencial. Contudo, por enquanto, a decisão de onde comprar — se no supermercado A ou B — ainda está em nossas mãos humanas. E enquanto isso for assim, permanece o nosso poder de escolha, influenciado também por nossas emoções, percepções, raciocínios e valores.
É aí que reside um excelente ponto para trabalharmos nas lojas físicas. Porque imagine: no futuro, quando a inteligência artificial for largamente usada para sugerir o sortimento correto, evitar rupturas, otimizar todos os aspectos operacionais para a máxima eficiência, definir o melhor ponto para abrir uma loja, cruzando, analisando, prevendo e sugerindo parâmetros e iniciativas operacionais — o que vai realmente diferenciar sua loja física da concorrência?
No futuro, não fará sentido sair de casa simplesmente para comprar um produto em um local que não agregue algo importante ao seu dia. Hoje já existem operações na China em que os produtos são enviados antes mesmo de serem comprados, com base em modelos de inteligência artificial preditiva que antecipam o comportamento de compra. Cada vez mais teremos entregas rápidas e sugestões de compra personalizadas.
Talvez agora você esteja se perguntando: por que investir numa loja física? Grandes marcas que nasceram no digital e cresceram no e-commerce sentiram a necessidade de abrir lojas físicas para oferecer novos tipos de produtos, fortalecer a percepção de marca e, principalmente, criar conexões mais profundas com o cliente que está nas lojas. Um exemplo disso é o Beleza na Web, que hoje, através de suas lojas físicas, consegue integrar os canais digital e físico, permitindo experiências sensoriais e de experimentação.
A loja física, nesse novo contexto, torna-se um espaço de experimentação, relacionamento e vivência de marca — algo que o digital ainda não consegue entregar totalmente.
Os supermercados do futuro serão mais do que simples lugares para comprar. Será necessário dar razões além da atividade de compra e venda para que as pessoas estejam ali. E quais são essas razões? São aquelas que fazem o seu público escolher você. Ele pode escolher a sua loja porque, quando entra lá, a arquitetura faz com que ele se sinta acolhido. Ou porque pode desestressar tomando um café, ou o cheirinho de bolo lembra a casa da avó, ou sua marca tem um propósito real que coincide com o propósito de vida dele… Ou um milhão de outras razões que consigam atrair um número suficiente de pessoas que pensem e sintam que aquela loja física agrega valor àquele momento. E, por isso, escolhem estar ali.
Percebe que o futuro da loja física é muito menos sobre colocar produtos nas prateleiras e muito mais sobre construir espaços únicos, que de fato façam as pessoas quererem estar ali? Cada vez menos, ir ao supermercado será uma obrigação. Porque, se a pessoa não quiser muito estar ali, ela simplesmente não irá — pois não haverá mais essa necessidade.
Pense nisto!
@katiabelloopu